Prólogo: Entre as nuvens・b
―Blinder・b―
E o branco dominou a visão deles.
Em cima e embaixo, à direita e à esquerda, tudo era simplesmente branco. Um espaço com nada além de branco.
Então, como um gigante animal rugindo, o vento se fez ouvir.
— Ei — se ouviu uma voz chamando. Parecia a voz de um menino. — Consegue me ver? — essa voz perguntou ao espaço onde não se via nada.
— Não, nem um pouco — respondeu imediatamente outra voz. Esta era um pouco mais aguda que a primeira.
— Está tão perto e ainda assim não consegue? Por agora, acho melhor a gente não se mexer — disse a primeira das vozes, e a outra voz concordou de maneira breve. Então…
— É incrível não ver nada — comentou.
Parecia estar se divertindo um pouco.
— É incrível mesmo, né? — respondeu a primeira voz.
O barulho da ventania aumentou por um instante.
A outra voz abaixou o tom e disse — Mas logo seremos capazes de ver novamente.
— Também acho — disse a primeira voz e, nesse pequeno instante o mundo branco se abalou. A direção de onde o vento soprava clareou um pouco.
— E não é? Se você voltasse a ver e não houvesse absolutamente nada na sua frente, o que você faria? Não ficaria um pouquinho feliz? — perguntou a primeira voz.
— Sim. Mas porque eu sei que coisas assim são impossíveis.
— O que pretende fazer se o tempo clarear?
— Vejamos… não tenho motivos para ficar aqui, não há nada que possa fazer ao respeito. Acho que partiria. Apenas isso.
— Teve gente que não conseguiu fazer isso — comentou a primeira voz.
— É. Foi por tão pouco. Se soubessem só um pouco mais. Se alguém tivesse lhes dito. Se nós tivéssemos chegado um dia antes…
— Que dureza…
— Sim. Eu também posso não saber certas coisas. E pode ser justamente por não saber que venha a ter o mesmo fim. Com certeza quero evitar algo assim, mas se não souber, não há nada que possa fazer.
A voz que disse isso perguntou pouco depois:
— Ei, Hermes, será que vou saber?
E a resposta veio logo em seguida.
— Não sei.
O brilho que vinha do lado da ventania aumentou e num instante o branco diminuiu.
— Vai clarear logo, Kino — comentou a primeira voz.
— Vai.
A ventania aumentou de repente e, com um ruído abafado, o espaço branco foi embora de uma vez.